segunda-feira, 7 de maio de 2007




"Esta expressão «leitura», há cem anos , sugeria logo a imagem de uma livraria silenciosa , com bustos de Platão e de Séneca, uma ampla poltrona almofadada , uma janela aberta sobre os aromas do jardim; e neste retiro austero de paz estudiosa, um homem fino, erudito, saboreando linha a linha o seu livro, num reconhecimento quase amoroso.


A ideia de leitura, hoje, lembra apenas uma turba folheando páginas à pressa no rumor de uma praça."




Eça de Queiroz





Uma pequena estória …
(em contínua construção...)





As Livrarias são, desde sempre, locais privilegiados de reunião, de debate de ideias, construção de amizades, de cumplicidades e saberes…

Há muito que partilhamos leituras com a cidade. Há tantos anos, que nos parece que é desde sempre…

É nossa preocupação oferecer um leque variado de opções: da sociologia à matemática, da literatura à filosofia, da banda desenhada à informática, sem esquecer a ficção e a arte, conferindo uma especial atenção à literatura infanto-juvenil e trabalhando a poesia com especial carinho; José Ricardo Nunes, o poeta, ensinou-nos a compreendê-la.



Proporcionámos a visita, às Caldas da Rainha, de muitos e prestigiados autores: os historiadores José Freire Antunes e o Prof. José Hermano Saraiva; os especialistas Prof. Daniel Sampaio e o Dr. Pedro Strech.




O Maestro Victorino d´Almeida seduziu-nos a com a sua irreverência.

Os jornalistas Baptista Bastos, José Rodrigues dos Santos, António Cabrita e Mário Zambujal, partilharam connosco as suas experiências.

O dramaturgo Jaime Rocha falou-nos de técnica teatral; Paulo Cardoso leu-nos o futuro nas estrelas.

Nas suas visitas, a escritora Ana Maria Magalhães viveu connosco as suas aventuras e o musicólogo José Alberto Sardinha legou-nos a beleza das músicas estremenhas.

Beatriz Costa a mediática e irreverente artista dos filmes a preto e branco, o Brigadeiro Lemos Pires e o médico da AMI Fernando Nobre, também nos visitaram.

Manuel Alegre, o poeta das rosas vermelhas e dos pequenos seixos da Foz do Arelho, mais do que um visitante, é um amigo.

O nobel José Saramago, o escritor amante das cores fortes e das formas arrojadas da cerâmica caldense, honrou-nos com as suas presenças.

António, o caricaturista da actualidade, Danuta Wojciechowska a criadora dos enigmáticos gatos pretos, visitaram-nos. José Ruy o autor conquistado pela cidade e que a ela dedicou uma terra “Nascida das Águas”, fez-nos página de livro.

Chegados de outras latitudes, recebemos o Timorense Luis Cardoso e o Moçambicano Mia Couto, sinal da nossa íntima lígação e do nosso interesse pelas novas literaturas de além mar, expressas na imortal língua de Camões.

Contámos com a colaboração representativa da turma de animação cultural da Escola Empresarial do Oeste, que ofereceu aos nossos convidados a teatralização dos seus textos.

Um belo dia, José Eduardo Agualusa e num outro, Ondjaki conduziram-nos pelo fascinante mundo das memórias quentes e gostosas do imaginário angolano. Numa noite calma, Laurinda Alves fez-nos companhia.

A obra de Sebastião Salgado, o fotógrafo dos rostos de olhar perdido, foi vista nas Caldas por nosso intermédio.

Com Saldanha Sanches e Maria José Morgado reflectimos sobre o sub mundo da corrupção e dos crimes de colarinho branco. José Luis Peixoto leu-nos as suas escritas doridas.

Viajámos com Pedro Rosa Mendes e João Francisco Vilhena pelas memórias areadas da Foz do Arelho. Já os segredos da Lagoa foram-nos desvendados por Carlos Maximiano Baptista.

Sob fogo cruzado, fomos correspondentes de guerra na companhia de Carlos Fino; com Francisco Moita Flores perseguimos polícias e ladrões. Ana Cristina Miranda e Maria João Fagundes sensibilizaram-nos para as questões dietéticas. Com Susana Maria, sentimos a dor das mulheres violadas.

A escritora Lídia Jorge, senhora de um realismo vigoroso, foi recebida pelas canções do Grupo Coral Dixit.

Entrevistámos o grande amante dos gatos pretos e gordos, o chileno Luís Sepúlveda, enquanto Richard Zimmler, o americano feito português, nos deu a conhecer a saga da sua família Zarco.

António Lobo Antunes, o escritor das palavras vigorosas, conquistando-nos deixou-se conquistar e marcando a fogo as nossas memórias.

Hélia Correia desvendou-nos as histórias de Mopsos e da eterna Grécia. Henrique Cayate desenhou-nos com a ponta do seu aparo de traço certeiro.

Enquanto Pedro Rosado nos conduziu pela escrita policial, Ana Paula Leitão convidou-nos a entrar no seu mundo poético.

Já com José Carlos Oliveira, viajámos no passado ao encontro dos comerciantes do mato angolano e, pela mão de Graça Pacheco Jorge, saboreámos os aromas da cozinha crioula de Macau, num encontro de saberes e sabores.

Alegrámos as ruas da cidade com um espectáculo de marionetas. Oferecemos rosas pelas mãos da Rainha D. Leonor e de Gil Vicente, nos dias 23 de Abril, Dia Mundial do Livro e da Rosa; celebrámos os dias da poesia com mil e um poemas oferecidos, em rima plagiada.

Realizámos um concurso de Banda Desenha e de Cartoon, festejando os 120 anos do Zé Povinho do nosso bem caldense Bordalo. Nesse mesmo ano, publicámos um jornal de número único “O Águas Mornas”, páginas de crítica e maldizer.

Calvim & Hobbes, Corto Maltese, Batman, Zé Povinho e outras tantas personagens de existência literária, desenhadas por Jorge Delmar, transferem-nos para o mundo da imaginação criativa.

Os nossos autores, os autores caldenses, têm sido uma presença constante entre nós. Da história à ficção, da poesia à fotografia, da crónica à caricatura, eles habitam em permanência o nosso espaço; alguns deles, são os nossos companheiros no dia a dia.


João B. Serra, o escritor dos muitos saberes locais, desvendou-nos os segredos da nossa história. Luis Nuno Rodrigues conduziu-nos aos bastidores das relações políticas internacionais.

Isabel Xavier partilhou connosco a sua inteligente e sensível poesia; Margarida Araújo desvendou-nos as paredes de loiça citadinas; Vasco Trancoso partilhou os seus postais; Valter Vinagre e Hermínio de Oliveira conduziram-nos pelas alamedas do Parque.

Teresa Perdigão deu-nos a conhecer os encantos do artesanto regional. Rui Correia conduziu-nos pela história do mutualismo local. Apoiámos João Norte nos seus primeiros passos no caminho da ficção.


João Paulo Cotrim abriu-nos as portas à intimidade do criador do Zé Povinho.

Interviémos com o maior interesse e empenho nas comemorações do centenário de Rafael Bordalo Pinheiro, com uma certeza plena: a nossa participação fez a obra
do Meste mais nossa. Em sua honra editámos um postal.

Num aniversário, pelas mãos do artesão Constantino, fizemos nosso um Fernando Pessoa de barro, o poeta de plena sensibilidade e de figura esguia.

Nos dias dedicados à cidade, a nossa montra, sempre deu destaque a todos os escritores que nas mais diferentes épocas produziram obras dedicadas às Caldas da Rainha. Homenageámos a cidade por intermédio das palavras dos seus filhos.

Sempre prestámos o mais empenhado apoio à Associação Património Histórico - PH na divulgação da nossa herança social e histórica, assumindo a nossa parte de intervenção cívica.


Acolhemos Irene Pimentel com quem recordámos facts e acontecimentos da nossa história recente.

Graça Vicente de-nos a conhecer as histórias construídas na sua vida de emigrante.






Adelino Gomes transportou-nos aos "Anos Loucos do Prec" onde a história era construída em relato directo.




Auscultámos o país e o mundo com a escrita inteligente e sensível de Rodrigo Guedes de Carvalho.


(Fátima Lopes, 10 de Novembro de 2006)

Fátima Lopes encanto-nos com a sua simpatia e ternura.





Lobo Antunes, uma nossa secreta paixão, voltou pela 4.ª vez.




Na companhia de Filomena Mónica viajámos pelos anos 60 da sua e nossa juventude e rebeldia.



Nas páginas coloridas de Cristina Horta revivemos Bordalo Pinheiro nos seus trabalhos modelados em barro.



Em época natalícia, brincámos na rua com o Pai Natal, nas cores e desenhos das crianças.

Iniciámos o ano de 2007 com uma Primavera de Palavras.




Na companhia do Professor Nuno Crato conversámos sobre o ensino e seus problemas e recordámos Rómulo de Carvalho.




Conduzidos pelo alpinista João Garcia sofremos as dificuldades da escalada pura e dura das terras das neves eternas.


(Bordalo Pinheiro, de Carlos Constantino, 21 de Março de 2007)


Em mais um 21 de Março, levámos a poesia a passear pela cidade. Nesse mesmo dia em data de aniversário, recebemos a visita de Bordalo Pinheiro, de poupa acentuada, bigode farfalhudo e gravata apurada, numa peça de barro saída das mãos do artesão Carlos Constantino.



Conduzidos pelo Professor Carlos Fiolhais, desmistificámos a física e fomos apresentados a Einstein.

Com um imenso carinho, folheámois as Páginas em Branco, o primeiro livro de Pedro Querido.





De novo com Francisco Moita Flores, calcorreámos os socalcos do Douro.



Lídia Jorge a senhora das belas palavras, veio até nós com os combates às suas sombras.


No Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, fizémos festa com os autores caldenses:Cristina Horta, Hugo Marques, Isabel Gouveia, Isabel Xavier, Margarida Araújo, Mário Tavares, João B. Serra, João Norte, José do Carmo Francisco, Paulo Ferreira Borges, Teresa Perdigão e Vasco Trancoso.

Com Pedro Querido folheamos as velhas páginas de um Salir d'Outrora.

(Pedro Querido - 15 de Junho de 2007)


Há trinta anos que partilhamos leituras com a cidade. Queremos continuar a fazê-lo.




Loja 107, a sua Livraria

Comentários

Luis Eme disse...
Grande viagem literária... só possível com uma grande paixão pelos livros e pelas pessoas que escrevem livros...
17 de Maio de 2007 16:38